Como aproveitar as oportunidades de investir no exterior?

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investimentos no exterior

Artigo publicado hoje (11/04/2011) no jornal Valor Econômico, caderno Eu&Investimentos, seção Consultório Financeiro. Link direto para a matéria.

Sou funcionário de uma multinacional e viajo frequentemente para o exterior. Conversando com alguns colegas de outros países sobre investimentos, verifiquei que existem fundos internacionais, com taxas e rentabilidade atraentes, investem em mercados a que não temos acesso aqui no Brasil. Fiz uma pesquisa e gostaria de investir em um fundo no exterior que está aberto a investidores estrangeiros. Minha dúvida é: como devo fazê-lo a partir do Brasil e quais as tributações incidentes? R.S.

Ulisses Nehmi, CFP:

Apesar de específica, sua pergunta é bastante pertinente e cada vez mais frequente. Hoje, estamos num mundo globalizado: as informações circulam rapidamente e as distâncias são cada vez menores. Oportunidades atrativas podem ser identificadas em qualquer país e gestores especializados estão cada vez mais acessíveis.

Da mesma forma que investidores estrangeiros buscam cada vez mais alocar parte de seus recursos no Brasil, é legítimo que busquemos a alocação de parte dos nossos recursos no exterior. É nesse contexto que, desde 2006, o Banco Central permite que brasileiros apliquem seus recursos diretamente em fundos de investimento no exterior.

A CVM não permite que fundos de investimento que não estejam registrados nesta autarquia sejam oferecidos ao público em geral no Brasil. É por essa razão que, na ausência de previsão específica que permita o registro desses fundos junto à CVM, os fundos estrangeiros não podem ser distribuídos em larga escala no País.

Por outro lado, não há qualquer restrição legal para que esses fundos sejam passíveis de colocação privada (private placement) a investidores sofisticados residentes no país.

Logo, não vemos divulgações de fundos de investimento estrangeiros no Brasil, mas isso não impede que investidores brasileiros sofisticados busquem informações a respeito desse tipo de investimento e até façam aplicações nesses fundos. Dado que tais investimentos não contam com a proteção regulatória da CVM, recomenda-se maior cautela ao escolher onde investir seus recursos.

Caso opte por esse tipo de investimento, contate o representante comercial do fundo e verifique quais são os trâmites para aplicação. Em seguida, avise o gerente do seu banco que você precisa fazer uma operação de câmbio para investimento no exterior, e forneça as instruções bancárias para onde os recursos devem ser enviados. É um processo simples, similar ao investimento em um fundo aqui no Brasil.

Da mesma forma, o valor do investimento inicial (em reais) deve ser declarado no Imposto de Renda. Vale lembrar também que o Banco Central exige que cidadãos com mais de US$ 100.000 em bens ou direitos no exterior, incluindo aplicações financeiras realizadas fora do País, façam anualmente a declaração de capitais brasileiros no exterior.

A tributação para investimentos no exterior prevê duas hipóteses. Para ganhos de capital, a alíquota é de 15% sobre os lucros, na alienação do investimento. Os dividendos, caso sejam distribuídos diretamente aos investidores, são tributados conforme a tabela progressiva do IR. A responsabilidade por recolher esses impostos é do investidor.

Essa operação é bastante factível, embora ainda não seja tão comum. Como existem alguns detalhes a observar, recomendo auxílio de um planejador financeiro para dirimir eventuais dúvidas e acompanhar o processo de seleção e investimento.

Ulisses Nehmi é Planejador Financeiro Pessoal e possui a Certificação CFP (Certified Financial Planner) concedida pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF) E-mail: [email protected]

As respostas refletem as opiniões do autor, e não do jornal Valor Econômico ou do IBCPF. O jornal e o IBCPF não se responsabilizam pelas informações acima ou por prejuízos de qualquer natureza em decorrência do uso destas informações. Perguntas devem ser encaminhadas para: [email protected]

Ulisses Nehmi é editor do Blog do Investidor e profissional da área de investimentos.

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20 COMMENTS

    • Olá Leo,

      Eu trabalho com investimentos internacionais e tenho alguns fundos interessantes com ótimas taxas e bons retornos, se quiser posso te ajudar e te orientar nos seus investimentos.

  1. Leo,
    Isso depende muito de seu perfil e risco à tolerância como investidor.
    Mas devido à instabilidade dos mercados internacionais, caso você seja mais conservador, sugiro investir em fundos que tenham como base ações blue chip e paguem dividendos.
    Caso você seja mais agressivo, os fundos baseados em commodities podem gerar retornos bem atrativos.
    Sou um consultor financeiro Brasileiro baseado em Vancouver, BC e trabalho para o maior banco de investimento do Canadá há mais de 10 anos.
    Eu trabalho com vários Brasilieros que investem no exterior e tenho acesso a vários fundos caso você tenha interêsse.
    Abracos

  2. Vocês saberiam informar como fariamos para investir em fundos imobiliarios em paises da zona do euro? Como eles são mais desenvolvidos do que nós na elaboração desses produtos, algumas empresas na Alemanha por exemplo onde a bolha especulativa não bateu forte como na Holanda e Espanha, oferecem FIMB de empreendimentos residenciais tambem bastante atrativos…

    • Felipe, trabalho com fundos de investimentos internacionais e posso lhe mostrar como consegue acessa-los em uma plataforma bastante amigável e segura. Esses fundos são custodiados pelo Credit Suisse.
      Grato

      • Oi Alexandre estou com a mesma Dúvida do Felipe, gostaria de investir em fundos imobiliarios em países da zona do euro, então você poderia me esclarecer já que você trabalha em fundos de investimentos internacionais!! ficaria grata.

  3. Um consultor financeiro me propos investir 500 dolares por mes em fundos diversificados adminjstrados pela GENERALI, que parece ter a sede na Inglaterra. Voce conhece essa empresa?

    • Cuidado com o formato do contrato e as taxas que são cobradas.
      Posso lhe mostrar e comprovar retorno e taxas em relação as Cias de mesma características.
      Investors-Trust.

  4. Trabalho exatamente com internacionalização patrimonial.
    Está previsto por lei que todo brasileiro PF ou PJ possa ter até 40% dos seus bens no exterior.
    A empresa que trabalho representa 6 grandes cias de fora (incluindo a Generali). Após feita a internacionalização do dinheiro, a diversidade de investimentos aumenta muito se comparada a oferta que temos no Brasil, pois entramos em uma concorrência internacional que inclusive da a opção de investirmos em empresas e fundos de mundo todo incluindo as do Brasil.
    Para maiores esclarecimento sintam-se a vontade de entrar em contato.
    Att.

  5. Tenho dupla cidadania e pretendo construir 2 imóveis (residencial e investimento) no outro pais. Para tanto preciso transferir a quantia, provávelmente via swift. Tenho que pagar imposto para receita? Faz diferença se a quantia for transferida para uma conta própria ou para uma construtora? Como declarar no IRPF? Alguma recomendação adicional?
    Grato pela presteza em ajudar,
    Edmar

    • Sim tenho alternativas que além de ajudar a resolver isso de forma legal, também proderá utilizar parte do que pagaria de imposto para capitalizar e aproveitar o produto de investimento para uma formação de reserva para seu futuro.

  6. Olá Ulisses Nehmi,
    Gostei muito dos assuntos tratados em seu Blog, e gostaria de compartilha-lo em minha pagina para meus clientes usando assuntos como referência.

    Você me permite fazer isso?